A aquisição de um carro novo é sempre um momento de alegria e emoção para toda a família, mas diante de tantas opções no mercado, não é uma tarefa simples ou corriqueira. Ao mesmo tempo, trata-se de um investimento de valor elevado, fazendo com que uma escolha errada tenha o potencial de se transformar em uma grande dor de cabeça, ainda mais em um cenário econômico instável como o que vivemos atualmente.
Por isso reunimos algumas dicas básicas para você acertar em cheio na hora de escolher o novo morador de sua garagem, com a ajuda de Leandro Mattera, consultor automotivo e autor do livro “Como escolher o seu carro ideal”.
Entenda suas necessidades
“O principal erro cometido na hora de escolher um carro é começar a seleção pela faixa de preço”, diz Leandro. Outra situação muito comum é a escolha apenas pelo design do veículo, sem levar em consideração outras características do carro. “Acaba sendo bastante comum pessoas comprarem carros maiores do que elas realmente precisam ou, pior ainda, que não atendem suas próprias demandas da utilização no dia a dia.”
A primeira tarefa é você pensar a sua rotina com o carro. As principais perguntas que você tem que se fazer são:
– Você utilizará o carro todos os dias? Costuma pegar trânsito muito intenso?
Quem responde sim a essas perguntas tem que ficar de olho no consumo urbano de combustível e na agilidade do carro no trânsito, além do conforto e equipamentos que ele possa oferecer para os longos períodos em que você ficará dentro dele.
– Vai pegar estrada com frequência? Asfaltadas ou de terra?
Se o uso rodoviário é constante, esssa medida de consumo ganha importância, assim como o nível de ruído, conforto e os equipamentos voltados para essas condições. Bons números de retomada de velocidade, ainda, representam mais segurança em ultrapassagens. Se você vai enfrentar estradas de terrra, alguns modelos aventureiros, com suspensão mais elevada, podem ser suficientes. Agora, se tiver que encarar trilhas de verdade, não tem jeito, é preciso voltar-se para os modelos que tenham os recursos adequados para tal, como tração 4×4.
– Quantas pessoas serão transportadas na maior parte do tempo?
Se raramente mais do que três pessoas andam no veículo, um modelo compacto dará conta das suas necessidades. Mas, se quatro ou cinco pessoas regulamente são transportadas (ainda que em viagens regulares de final de semana), você precisa de um modelo maior (hatch ou sedã médio, minivan ou SUV).
– Quais as necessidades do motorista e dos passageiros em termos de espaço interno?
Pessoas que tenham uma estatura muito acima da média, ou que estejam acima do peso, demandam modelos com boas medidas de espaço interno. Já para quem tem estatura abaixo da média, pode ser essencial a presença de regulagem de altura do banco e/ou regulagem de altura e profundidade do volante.
– Qual é a sua necessidade de espaço no porta-malas?
Um compacto dá conta se, nas viagens, você está sempre sozinho ou, no máximo, com um passageiro. Agora, para levar família com malas, carrinho de bebê e brinquedos, nem pensar.
Considere, ainda, se não há algum tipo de restrição relacionada ao tamanho. Se você tem um hatch e já sofre para entrar e sair de sua vaga no prédio onde mora, com um SUV isso se tornará inviável. Ou, ainda, há saídas de prédios em que carros muito baixos acabam raspando no asfalto.
Respondendo a essas perguntas, você terá uma ideia clara do tipo de carro que você necessita e, a partir do que está disponível no mercado, você começa a formar um grupo mais restrito, descartando os modelos estão fora de sua capacidade financeira e aqueles que não atendem às suas necessidades. Dependendo das demandas que você tenha, é possível chegar à conclusão de que o mais indicado seja adquirir um modelo seminovo, ao invés de um zero-quilômetro.
Qualidade e segurança
É hora de availar os “candidatos” um pouco mais de perto. Pesquise a idade dos projetos dos veículos – dando preferência para os mais recentes, que vai de regra serão mais econômicos, seguros e de melhor qualidade. Cheque se há reclamações repetidas sobre algum defeito ou componente dos veículos (o que pode indicar algum defeito de projeto), além de depoimentos a respeito do serviço de pós-venda da marca. “Tudo isso representa satisfação com a compra a longo prazo”, ressalta Mattera.
Já a segurança é um item muito subestimado no mercado brasileiro, mas que vem ganhando espaço na lista de prioridades dos consumidores nos últimos anos. Os veículos que disponham de controle de estabilidade e air-bags laterais têm preferência (lembrando que freios ABS e airbag frontal são obrigatórios em todos os carros zero-quilômetro vendidos desde 2014). Outra consulta essencial são os resultados obtidos pelos modelos nos crash-tests realizados pelo Latin NCap.
Análise financeira
Você avaliou o teto máximo que pode gastar. Mas existe uma outra questão que acaba sendo muitas vezes desprezada – e ocasionando muitos problemas no futuro. São os gastos do veículo além do seu valor de compra. “É indispensável levar em consideração todos os tipos de gasto que um carro gera ao longo do tempo, além do que é pago no ato da compra”, avalia Mattera. Os principais itens que você precisa levar em consideração:
– valores de revisão
– valores de substituição de peças e mão de obra
– consumo de combustível
– seguro
– IPVA
Leve em consideração, ainda, se você utiliza com frequência serviços de estacionamento ou lavagem em que o valor varia de acordo com o tamanho do veículo.
Por fim, verifique o histórico de desvalorização do modelo e da marca. Quanto menos tempo você permanecer com o carro, maior será o impacto da sua desvalorização na hora da revenda.
Fonte: revistaautoesporte