O Opala foi apresentado no Brasil em 1968, mas foi em 1970 que a famosa versão esportiva apareceu, marcando a vida de muitos: o Opala SS.
O Opala SS chegava com um sobrenome já bem conhecido nos EUA desde 1961. Modelos como Chevelle e Impala já tinham essa versão mais nervosa SS.
E assim como no mercado norte-americano, a linha SS se estendeu a outros modelos da linha Opala como o sedan e a perua Caravan.
Depois renasceu numa tentativa pífia no Corsa, Meriva e Astra nacionais, mas vamos falar deles depois.
O Opala
A história do Opala SS começa muito tempo antes, em 1953 na Europa, quando o Opel Rekord foi apresentado pela primeira vez.
A linha receberia uma variante sedan, cupê e perua. Os modelos serviriam de base para um projeto nacional denominado Projeto 676.
Depois de alguns anos de estudo e inúmeras unidades de testes, nascia no Salão do Automóvel de São Paulo de 1968 a versão final do Opala, em um magnífico estande de 1500 m², mas ainda sem o Opala SS.
(Leia nossa reportagem sobre a história inteira do Opala aqui.)
Como de costume em apresentações de carros em salões do automóvel, havia apresentações artísticas a cada meia hora para entreter os convidados e apaixonados por carro.
Porém, o estande da GM, era sem dúvida o mais comentado e visitado.
Com a presença ilustre do piloto inglês Stirling Moss e de várias modelos, o Opala vinha ao mundo em grande estilo.
Apresentado em 1968, como linha 1969, o Opala estava bem servido no que se diz respeito a divulgação.
Tendo nomes fortes envolvidos no lançamento, como a atriz Tônia Carrero, o cantor Jair Rodrigues e o jogador de futebol Rivelino, eles estreavam o comercial televisivo que tinha por tema “Meu carro vem aí”.
Nele o famoso jogador de futebol recusava uma carona em um outro carro para poder ir de Opala, ainda que o Opala SS não existisse na ocasião.
Opala SS
Depois da enorme apresentação e do sucesso que o modelo vinha fazendo, a Chevrolet apresentou em 1970 o Opala SS, inicialmente na versão sedan.
Com seu aclamadíssimo motor 4.1 litros de seis cilindros em linha, com nada menos que 171 cavalos de potência e 32,5 kgfm de torque, associado a um câmbio manual de quatro velocidades.
O visual do Opala SS era intimidador e apaixonante ao mesmo tempo, o modelo vinha com faixas pretas duplas no capô, o logo “SS” ao centro da grade que ganhava contorno cromado e uma faixa preta também com a insígnia SS nas laterais do modelo.
O Opala SS ainda poderia vir em cores bem chamativas para reforçar ainda mais seu lado esportivo, como tons de amarelo, vermelho e até mesmo prata. As rodas do Opala SS eram sempre exclusivas e tinham desenho mais invocado do que as versões “normais” do Opala.
No interior, o Opala SS tinha um volante de tamanho exagerado para os dias atuais que combinava com os tons escuros da cabine, e o conjunto mecânico que dava um show em termos de refinamento.
A velocidade máxima do Opala SS era de 200 km/h, e para que tal mágica fosse feita, a Chevrolet adicionou um carburador de corpo duplo e comando de válvulas esportivo, para deixar o Opala ainda mais nervoso.
Um ano depois da versão sedan ter sido apresentada, a Chevrolet introduz no mercado o Opala SS cupê de 2 portas.
O visual do Opala SS cupê seguia a mesma receita do sedan, com as cores chamativas, e faixas pretas no capô.
Com a crise do petróleo assombrando a Chevrolet e os consumidores de modo geral na primeira metade dos anos 1970, a marca se viu obrigada a trocar a motorização por algo que consumisse menos do combustível fóssil.
Em meados de 1977 a Chevrolet apresenta o Opala SS4, uma versão mais “mansa” do tradicional esportivo nacional.
A maior diferença entre o Opala SS4 e o Opala SS verdadeiro era a motorização, sai de cena o motor 4.1 litros com seis cilindros em linha e 171 cavalos e entra no lugar um 2.5 litros de quatro cilindros com 98 cavalos e 19,8 kgfm de torque, também associado a um câmbio manual de 4 velocidades e dotado de tração traseira.
Com essa nova motorização o Opala SS conseguia chegar na velocidade máxima de 160 km/h, contra 153 km/h do seu maior rival na época o Ford Maverick GT4.
Por falar nele, segundo um comparativo feito por uma influente e respeitada revista do segmento, o Chevrolet Opala SS ganhou em todos os comparativos.
E por conta da época que ambos viviam – da crise de petróleo – os dois eram mais conhecidos como esportivos de fachada, uma vez que eles não tinham toda a potência dos motores maiores e mais beberrões de seis cilindros tradicionais.
Um dos pontos altos do Opala SS sempre foi o conforto aliado com a esportividade, e não importava se era com um motor de seis cilindros ou de quatro cilindros, os passageiros iam bem acomodados – exceto na versão cupê onde os passageiros do banco traseiro iam mais apertados, ainda mais se tivessem mais de 1,70 metro de altura.
A linha Opala SS para o cupê e sedan viveria até 1980 quando a Chevrolet parou de vender os modelos com tal insígnia e motorização diferenciada.
Apenas em 2005 a Chevrolet tentou reviver de modo digamos pouco convencional a sigla mais admirada pelos consumidores, que ainda se lembravam do Opala SS, com a linha Corsa SS, Meriva SS e Astra SS.
Caravan SS
Além da versão sedan e cupê, a Chevrolet também introduziu a Caravan SS.
Assim como a versão cupê e sedan, a perua Caravan contava com o motor 250-S de seis cilindros e 171 cavalos de potência.
Aliado a isso estavam a seu favor o conforto de poder carregar até 5 adultos sem qualquer aperto e suas respectivas bagagens.
Havia também a versão com motor menor, no caso o 151-S de quatro cilindros e 98 cavalos de potência.
Segundo as mídias publicitárias da perua, “leve tudo na esportiva” caia como uma luva para a Caravan SS, que além de potente ainda tinha conforto de sobra.
Visualmente falando a Caravan SS se igualava aos seus demais irmãos com a questão das faixas decorativas e capô com faixa preta.
O interior alinhava a esportividade do Opala SS com a segurança e conforto da perua. A Caravan poderia alcançar a velocidade máxima de 162 km/h, o que dizia muito na época para um carro que pesava 1.250 kg.
Uma das poucas mudanças estéticas que a linha Caravan ganhou, foi em 1980, quando ganhou nova frente em comunhão com as demais versões. Esse também foi seu último ano, aliás o último da linha Opala SS no país.
Outros modelos SS
Se por um lado nós brasileiros conhecemos a linha Opala SS, durando entre 1970 e 1980, os norte americanos já a conheciam desde 1961, em modelos de mais estigma como o Chevelle e o Impala.
Mas ela não ficou restrita a esses modelos apenas, sendo estendida até a picape El Camino, e passando por modelos menores como é o caso do Cobalt SS – que nunca tivemos por aqui – e o queridinho dos novos ricos, o Camaro SS.
Até pouco tempo atrás a Chevrolet também vendia um modelo com nome de simplesmente SS.
O modelo que conhecemos por aqui sob a alcunha de Omega, saiu de linha no mercado norte-americano em meados de 2017, onde o modelo vinha com motor 6.2 litros V8 aspirado de 420 cavalos, e câmbio manual de seis velocidades.
Também podia vir com um câmbio automático de seis velocidades.
A tração era sempre traseira e fazia a alegria de quem queria alinhar potência e conforto ao dirigir.
Durante toda sua existência o Chevrolet SS foi um dos modelos mais elogiados pela imprensa especializada por conta do seu acabamento de primeira e acerto refinado no conjunto motor e câmbio.
Atualmente dentro da gama da Chevrolet norte americana, se você quiser um sedan potente, pode ir de Chevrolet Impala, que parte de US$ 27.895 e pode vir com motores 3.6 litros V6 de 305 cavalos ou 2.5 litros de quatro cilindros.
Há ainda o Chevrolet Malibu que tem preços iniciando em US$ 21.680 e vem com o motor 1.5 turbo ou o 2.0 litros turbo também.
Caso você queira mais potência, pense no Camaro para cima.
Linha SS no Brasil
Se você estava se perguntando quando nós falaríamos da tentativa pífia da Chevrolet de ressuscitar a linha SS por aqui, bem agora chegou a hora.
Deixando a época de ouro do Opala SS, chegamos a meados de 2005 quando a marca teve a brilhante ideia de resgatar o nome SS no mercado brasileiro
Mas ao invés de trazer algo de fora e colocar ele como um modelo de nicho ou como um carro de imagem da marca – como ocorre com o Camaro – eles decidiram fazer uma adaptação à moda da casa para a linha SS.
Os modelos escolhidos foram nada mais, nada menos que o Corsa hatch, a minivan Meriva e o hatch médio Astra.
Antes de falar dessa linha, vamos lembrar que ao menos o Astra teve uma versão um pouco mais esportiva, quando foi apresentado em 2003 o Astra GSI.
O modelo em questão vinha com um motor 2.0 litros de 16 válvulas, que tinha bons 136 cavalos, e 19,2 kgfm de torque, que faziam o modelo alcançar a máxima de 203 km/h.
Mas em 2005, a marca da gravata dourada resolvia apostar em outra linha de sucesso a SS com os modelos citados anteriormente.
No caso do Corsa e da Meriva, dividiam o mesmo motor 1.8 litro Flexpower de 114 cavalos com etanol e 112 cavalos quando abastecido com gasolina.
E o torque também não impressionava muito na dupla 17,7 kgfm para ambos os combustíveis.
Já no caso do Astra, ele usava o motor 2.0 litros de 8 válvulas, que tinha 121 cavalos na gasolina e 127,6 cavalos no etanol.
Não eram números exatamente excitantes, mas com certeza eram melhores que o Corsa e da Meriva.
Com a baixa recepção do público, a Chevrolet encerrou pouco tempo depois a linha SS no país, e acabou por ficar sem uma linha de fato esportiva como ela tinha nos anos dourados com o Opala SS.
Atualmente se você quiser algo minimamente potente dentro da Chevrolet, você deve procurar ou pela linha Cruze nos modelos hatch e sedan que utilizam o motor 1.4 litro turbo de até 153 cavalos, ou no SUV Tracker que também divide a mesma motorização.
Ou se a conta estiver bem recheada, você pode partir para o Camaro SS que vem nas configurações Cupê a partir de R$ 315 mil ou pela versão Conversível que tem preços a partir de R$ 350 mil.
Ambos vêm com o motor 6.2 litros V8 com 461 cavalos de potência e 62,9 kgfm de torque. E tem também a seu favor o design clássico dos muscle cars norte americanos.
Sendo assim os definitivos sucessores reais dos legítimos Opala SS, que ainda fazem a cabeça de muitos entusiastas e da nova geração que adora os clássicos como eles eram.
Ficha Técnica
Opala SS4 1977
Motor | dianteiro, longitudinal, 4 cilindros em linha, 2.474 cm³, 101,5 x 76,2 mm, carburador, 98 cavalos a 4.800 rpm, 19,8 kgfm a 2.600 rpm | |
Câmbio | manual de 4 marchas, tração traseira | |
Dimensões | comprimento, 467 cm; largura, 176 centímetros; altura, 136 centímetros; entre eixos, 266 cm; peso, 1.116 kg |
Caravan SS 1978
Caravan SS | |
Motor: | dianteiro, 6 cilindros em linha, 4 093 cm³, carburador de corpo duplo e fluxo descendente, comando de válvulas lateral, a gasolina Diâmetro x curso: 98,4 x 89,7 mm Taxa de compressão: 7,8:1 Potência: 171 cavalos a 4 800 rpm Torque: 32,5 kgfm a 2 600 rpm |
Câmbio: | manual de 4 marchas, tração traseira |
Dimensões: | comprimento, 463 cm; largura, 173 cm; altura, 139 cm; entre eixos, 267 cm; peso, 1.250 kg |
Suspensão: | amortecedores e molas helicoidais. Dianteira: independente, com braço triangular superior, braço simples inferior. Traseira: eixo rígido, barras tensoras longitudinais, barra transversal tipo Panhard |
Freios: | a disco na dianteira e tambor na traseira, de acionamento hidráulico, com Servo freio |
Rodas e pneus: | aço, 14 x 5; pneus 6,95 S 14 |
Fonte: Notícias Automotivas