No dia 10 de fevereiro, São Paulo foi atingida por uma forte chuva e diversos pontos de alagamentos que pegaram muita gente de surpresa. Nossa oficina foi uma das afetadas, e por isso demoramos tanto tempo para voltar a escrever aqui. No total, foram 83 carros danificados, o que nos leva ao tema da coluna de hoje.
Boa parte desses 83 carros tinham seguro e, como a água chegou na altura do painel de instrumentos (aproximadamente 1 metro de altura), as companhias os avaliam como perda total. Nesse nível, a água atinge, além de acabamento e revestimentos, muitos componentes eletrônicos e mecânicos. Então carros de enchente não têm recuperação? E os carros sem seguro?
Sim, há saídas. Mas muita coisa estraga e o diagnóstico pode levar um tempo – ou aparecer em um futuro próximo. Para ver o que foi afetado pela água suja de uma enchente, precisamos seguir uma cadeia de trabalho, que deve ser feita por partes, com muito cuidado e principalmente, atenção.
O primeiro passo é retirar as velas do motor e verificar se tem água misturada junto com o óleo – o que pode ser feito também pela vareta de nível, quando o óleo fica com uma coloração marrom claro. Verificamos também se o filtro de ar e os dutos de admissão estão com água, pois numa eventual partida do motor ele pode aspirar essa água e danificá-lo seriamente – o chamado calço hidráulico. Simultaneamente, deve-se desmontar tudo que foi afetado pela água na parte interior do carro. Retirar bancos, carpetes e principalmente os feltros e isolamentos que vão abaixo dos carpetes.
O próximo passo é desmontar os módulos que ficaram submersos (módulos de airbag, módulo dos vidros, caixa de fusíveis, direção elétrica, rádio, controle do ar condicionado, módulo do som e etc). Com eles desmontados, deve-se limpar os módulos e caixa de fusíveis com álcool isopropílico. Após a secagem devem ser instalados novamente – isso deve ser feito por um profissional com experiência, pois são peças extremamente sensíveis.
Após toda eletrônica no lugar e os cuidados com a parte mecânica, vamos tentar ligar o carro. Se o motor funcionar, possivelmente algumas luzes de alerta devem acender no painel indicando algum (ou alguns…) módulo com problemas. Teste também todas as funcionalidades do carro, como travas e vidros elétricos, bancos elétricos, ar condicionado e sistema de som.
A verdade é que carros que sofreram com uma enchente são verdadeiras caixas de surpresas. Muitas marcas hoje configuram seus carros e componentes de forma individual, o que exige que sejam levados à concessionária, com técnicos treinados e especialistas que resolvam os problemas eletrônicos cada vez mais complexos.
Por isso, respondendo à questão inicial: É melhor ter seguro no seu carro.
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Fotos: Tonimek
Fonte: Motor1